Matéria: Lucas Mendes Estudante de Jornalismo e Filosofia
A cosmologia indígena é o Brasil
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Foto Lucas Mendes |
Lançado
em 2016, livro conta a mitologia Terena em HQ. Fotos: Lucas Mendes
Livro conta a mitologia de origem da etnia Terena, do estado de São
Paulo. Projeto promove a cultura indígena em formato HQ.
O indígena como protagonista de
sua própria história, participando ativamente da esfera pública e da democracia
e registrando a sua cultura. Esse é o entendimento que levou Irineu Nje’a a
contribuir e fortalecer o legado da história indígena, garantindo pras futuras
gerações um registro cultural de grande valor.
Autor do livro, Irineu conta a história do seu
povo, os Terena, da Aldeia Kopenoty — uma
das quatro aldeias que compõe a Reserva Indígena de Araribá. A reserva possui
predominância das etnias terena, guarani e kaingang e fica localizada no município de Avaí, cerca de 40 km
de Bauru.
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Foto Lucas Mendes |
Irineu
Nje’a e Marcio Coelho: Membros da Araci Cultura Indígena durante a Semana
Cultural indígena
A iniciativa já estava há tempos sendo pensada, mas
foi só com o curso de especialização em antropologia da USC (Universidade do
Sagrado Coração) que a ideia tomou corpo. Na época, a preocupação era de
garantir o registro de uma história milenar, que vem sendo transmitida através
da oralidade de geração em geração, e que corria o risco de se perder.
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Foto Lucas Mendes |
À frente da ARACI (Associação Renascer em Apoio à Cultura Indígena) desde sua fundação, em 2014, Irineu é também
professor e pesquisador da questão indígena no Brasil.
A história da mitologia de origem do Povo Terena
foi compilada a partir dos relatos de Cassiano Sebastião, morador da aldeia
Kopenoti, e uma das lideranças mais antigas da Reserva Indígena de Araribá.
História ilustrada, lúdica e
pra todas idades
“É um livro simples, mas de suma importância para o
Povo Terena. É importante pra que as crianças possam conhecer a história do seu
povo, é um material didático”, comenta o autor sobre seu projeto.
E muito da forma contribui com o conteúdo. No livro
ele usou o formato de HQ — história em quadrinhos, pra contar a saga de Ureka
Yuvakai e a origem do mundo e das pessoas. Pra Irineu, esse pode ter sido o pontapé inicial para outros trabalhos, tendo em vista
que não existem materiais específicos sobre a etnia Terena.
Trecho do
livro. Traço simples e texto fácil são ferramentas para difusão da história
“Eu fiz os desenhos com um traço bem infantilizado,
de uma forma bem lúdica, pra que quando as pessoas olharem, elas possam
entender”, analisa o autor. Seu livro é o primeiro a abordar, de forma
ilustrada, a cultura e peculiaridades dos indígenas da região de Bauru.
Mitos gregos, mitos
brasileiros
Cumprindo a lacuna existente no ensino da cultura
indígena no Brasil, o livro será trabalhado com alunos das escolas de Bauru e
região. Ele será distribuído nas bibliotecas das escolas e da rede municipal,
ampliando o seu alcance.
“A história do mito do povo
Terena deixou de ser oral, e agora está materializada, é um documento eterno,
principalmente pros indígenas Terena do estado de São Paulo”
Essa é também uma das formas de se fazer valer a Lei 11.645, a qual inclui no currículo oficial “o
estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos
indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio
na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas
social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil”, segundo
redação da lei, sancionada em 2008.
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Foto Lucas Mendes |
O livro é
apresentado juntamente com outros materiais da cultura indígena
“Isso contribui também para que os alunos não
venham a conhecer só os mitos gregos, mitos de outras civilizações, mas que venham a saber que os
indígenas têm os seus mitos”, lembra Irineu.
Isso se dá num momento em que ainda existem sérias
dificuldades em fazer dessa lei algo efetivo. Em entrevista à Revista Escola Pública, Valquíria Pereira Tenório, doutora em
sociologia pela UFSCar, ressalta a falha na formação do professores ao tratar
desse tema, nas próprias universidades.
“Muitas dessas instituições ainda não estabeleceram
ementas e disciplinas que realmente tratem a temática de maneira ampla. Mesmo as
universidades públicas ainda carecem de um comprometimento maior”, pontua. Ela coordena cursos de formação de
professores sobre o tema para a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.
Acervo, dados e fontes de pesquisa
Além de organizar eventos de formação e difusão da
cultura indígena, a Araci vem se firmando como um ponto de referência para
pesquisas da temática indígena, a partir de sua Biblioteca “Koxomonety”,
contendo um acervo exclusivo de obras relacionadas às questões indígenas.
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Foto Lucas Mendes |
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Foto Lucas Mendes |
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Foto: Lucas Mendes |
Biblioteca
“Koxomonety”, localizada na Estação Ferroviária de Bauru
Hoje a biblioteca conta com obras exclusivas dessa
temática, abrangendo em torno de 20 etnias. Ela se localiza no prédio da
Estação Ferroviária, no centro de Bauru. “Futuramente vamos transformá-la num
polo de pesquisa da cultura indígena para professores e estudantes”, planeja.
“A importância é fundamental pras pessoas que querem pesquisar sobre a questão indígena. É uma biblioteca simples, tem um acervo pequeno — recentemente consegui mais livros com a Funai de Brasília, e estamos com um total de quase 400 itens entre livros e filmes”.
“A importância é fundamental pras pessoas que querem pesquisar sobre a questão indígena. É uma biblioteca simples, tem um acervo pequeno — recentemente consegui mais livros com a Funai de Brasília, e estamos com um total de quase 400 itens entre livros e filmes”.
Painéis
que contam a história do Povo Terena e a migração do Paraguai até Avaí-SP.
Vídeo: lucas Mendes
Vídeo : Lucas Mendes
Material
presente na Biblioteca “Koxomonety”
Viabilização do Projeto
O livro “Mito de Origem do Povo Terena — História
Ilustrada da Cultura Terena” foi contemplado pelo Programa de Estímulo à Cultura da Secretaria de Cultura de Bauru, no
ano de 2015. Com a verba foi possível a publicação da obra e sua apresentação
em escolas públicas, através da Araci.
ARACI é a
entidade proponente do projeto encaminhado à Secretaria de Cultura de Bauru
Em meio aos recentes ataques a indígenas vividos no país, e às tramitações no Congresso Nacional da PEC 215 — que passa do executivo para o legislativo a competência das demarcações de terras indígenas, a Araci vem atuando na difusão da cultura indígena e na quebra dos preconceitos enraizados na sociedade brasileira.
Em meio aos recentes ataques a indígenas vividos no país, e às tramitações no Congresso Nacional da PEC 215 — que passa do executivo para o legislativo a competência das demarcações de terras indígenas, a Araci vem atuando na difusão da cultura indígena e na quebra dos preconceitos enraizados na sociedade brasileira.
Agradecimentos
“Esse não
é um trabalho solitário, é um trabalho em equipe”
“Pessoal
da Aldeia Kopenoty tem dado um apoio tremendo”
*O livro pode ser adquirido
diretamente com o autor ou através do mercado livre:
Livro Do Mito De Origem Do Povo Indígena Terena - R$
19,90
Este livro traz uma história da cultura do povo Terena de mais de quinhentos anos Ilustrada pelo próprio autor para…produto.mercadolivre.com.br
Este livro traz uma história da cultura do povo Terena de mais de quinhentos anos Ilustrada pelo próprio autor para…produto.mercadolivre.com.br
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Associação Renascer em Apoio à Cultura Indígena, BANCO CAIXA, AGENCIA 4207, OP 003, CONTA CORRENTE 970-0
Olá! Como adquiro esse livro? Abraços!
ResponderExcluirwww.colecionadordesacis.com.br
Andriolli m escreve no email
Excluiraraciculturaindigena@gmail.com ou meu watt 14997014165